O pai da bebê de 5 meses, morta e com suspeita de abuso sexual pela própria mãe, de 21 anos, prestou depoimento na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e o Adolescente (Depca), em Campo Grande. Além dele, a polícia também conversou com mais 6 testemunhas e, conforme afirmou ao G1 a delegada Elaine Benicasa, todos foram unânimes em ressaltar o "comportamento estranho" da suspeita nos últimos meses.
"A mãe confessou o crime e já foi interrogada. Ela inclusive passa por audiência de custódia nesta manhã (24). Nós colhemos um segundo depoimento do pai da criança e também vamos ouvir outras testemunhas importantes, além de analisar provas no decorrer do inquérito", explicou a delegada.
Conforme Benicasa, o pai da vítima, que é um mecânico de 40 anos, disse que "só não tinha registrado, reconhecido porque tinha dúvidas sobre a paternidade. "Ele alegou que a mãe tinha um histórico de garota de programa e ele então acreditou que não fosse dele, mas, a visitava com frequência. Disse também que eles não estavam mais juntos desde o ano passado, porém, ele tentou contato com a suspeita na manhã do dia dos fatos", disse.
No entanto, horas depois, o pai contou que recebeu uma ligação da jovem, na qual ela teria dito: "Sua filha está morta". "Ele falou que ela estava recentemente com uns comportamentos estranhos, esquizofrênicos, que fazia uso de maconha, mas, mesmo assim cuidava bem da criança", afirmou a delegada.
As outras testemunhas, que seriam 4 amigas e vizinhos da suspeita, também falaram que ela cuidava bem da vítima. "No entanto, disseram que, há algum tempo, a mãe estaria com comportamentos estranhos, tendo alucinações e dizendo que estava sendo perseguida pela máfia, sendo que se isolava dentro de casa e também estava retraída, introvertida. Isso é unânime em todos os depoimentos", argumentou Benicasa.
Prisão convertida
Terminou há pouco, no Fórum de Campo Grande, a audiência de custódia da jovem de 21 anos. Ela teve o flagrante convertido em prisão preventiva. O caso segue em segredo de justiça.
Pior dia de trabalho, diz servidora
O atendimento seguia normal na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leblon, na região sul de Campo Grande, na terça-feira (22), quando a mãe de um bebê de 5 meses chegou com a vítima no carrinho. Ela foi ao local acompanhada de amigas e, segundo uma servidora pública, de 40 anos, que não será identificada, a mulher "não falava coisa com coisa".
Ao confirmarem a morte e possíveis lesões, ela conta que toda a equipe ficou "revoltada, com repulsa e indignada" com o que aconteceu com a menina, de 5 meses. Segundo a servidora, não só para ela, mas, para quem tem bastante experiência na área e "tempo de casa", foi "o pior dia de trabalho".
"O pessoal da recepção atendeu a mulher e ela não falava coisa com coisa. Aparentemente, estava sob efeito de drogas. Foi uma situação que envolveu todo mundo, principalmente, porque a menina não tem registro. Ela nunca passou por um exame na vida eu acho e isso foi uma das primeiras coisas que nós observamos. Não sei nem como será o enterro dessa criança", afirmou ao G1 a servidora.
Conforme a servidora, o suposto também foi ao local. "A roupa dela e a coberta estava com alguns pelos pubianos e nós acreditamos que não seja apenas um abuso. Havia hemorragia interno, a barriga da menina estava enorme e eu nunca vi nada igual. Até mesmo profissionais antigos, nunca tinha visto eles tão abalados. É muita repulsa e eu não dormi a noite inteira", lamentou.
Entenda o caso
A mulher foi presa em flagrante e autuada pelos crimes de homicídio doloso e estupro de vulnerável, após matar a filha de 5 meses, na Vila Bandeirante. O crime teria ocorrido no momento em que ela dava banho da vítima.
Segundo a delegada Fernanda Piovano, foi um médico plantonista da Upa Leblon quem viu as lesões e acionou socorro. Ao investigar o caso, a polícia soube que a mulher saiu com a criança morta no carrinho e foi até a casa de uma amiga.
"Esta pessoa achou estranho a criança estar quieta por tanto tempo e notou o óbito, levando as duas para o Upa Leblon. Ela deu entrada por volta das 22h (de MS), mas, o óbito aconteceu bem antes, conforme os médicos que atenderam. Agora, o bebê vai passar por exame necroscópico", afirmou na ocasião Piovano.
Questionada sobre os fatos, a jovem, que ainda possui outros dois filhos, confessou o crime. No entanto, ao falar sobre as lesões encontradas na região genital da vítima, ela permaneceu em silêncio. Ela não tinha antecedentes criminais.
Fonte: G1/MS
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