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Misógino, racista, violento, mentiroso: agora se pode dizer também que Bolsonaro é um mau pai.


Jair Bolsonaro é visto no Brasil e no mundo como um homem de muitos defeitos — misógino, racista, violento, mentiroso.

A essas referências, hoje se pode acrescentar outra: ele é um mau pai.

O senador Flávio Bolsonaro está todo encrencado com as revelações de que usou o seu gabinete para enriquecimento ilícito e também para apoiar as milícias do Rio de Janeiro, especificamente o escritório do crime.

Fosse outro o parlamentar, já se poderia dar como certo que perderia o mandato, e talvez até cumprisse alguns anos de prisão.

Mas, em se tratando do filho do presidente, é precipitado fazer essa aposta. O arsenal de Sergio Moro, ministro da Justiça e advogado informal da família, é grande para tentar embaralhar as investigações.

O que chamou a atenção nesta manhã de quinta-feira, um dia depois de começar a avalanche de informações que definem Flávio como um corrupto clássico, é a declaração que ele deu, espontaneamente, aos jornalistas.

Poderia ficar quieto ou esperar pelas perguntas, dar a resposta que se espera de um pai: “Não posso julgar meu filho, vamos esperar que se concluam as investigações, espero que se dê a ele a chance para se defender, confio no Flávio”.

Em vez disso, no lugar do pai prevaleceu o político oportunista.

Ao deixar o Alvorada, como faz todos os dias, cercado por seguranças, ele foi caminhando até onde os jornalistas deixam fixados os microfones, a uma distância de três ou quatro metros, e declarou:

“Pessoal da imprensa, o Brasil é muito maior que pequenos problemas. Eu falo por mim. Os problemas meus, podem perguntar que eu respondo. Dos outros, eu não tenho nada a ver com isso”.

Bolsonaro atirou o filho na fogueira, como se não tivesse nada a ver com os crimes do senador, crimes que remonta à época em que era deputado na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.


É falso.

Bolsonaro está diretamente envolvido no esquema corrupto que agora se revela. Primeiramente porque foi ele quem colocou o filho na política, estabelecendo uma espécie de franquia com o nome Bolsonaro.

Ele queria que Flávio, seu primogênito, entrasse na política no ano 2000, quando se separou da primeira mulher e quis que um filho disputasse com ela uma vaga na Câmara.

Flávio recusou, Carlos Bolsonaro foi para a disputa. Dois anos depois, ele disputou uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em dobradinha com o pai, que disputou a reeleição na Câmara dos Deputados.

Mais tarde, colocou o amigo Fabrício Queiroz no gabinete de Flávio e este acabou se transformando numa espécie de gerente do esquema de desvio de dinheiro público no Legislativo do Rio.

Sua terceira esposa, Michelle, atual primeira-dama, recebeu em sua conta bancária pelo menos um depósito suspeito feito por Queiroz, no valor de R$ 24 mil.

A explicação de que se tratava de empréstimo não cola. Pela conta de Queiroz, passava muito mais dinheiro, de forma que ele não precisava tomar dinheiro emprestado de Bolsonaro.


Por que Michelle não está sendo investigada?

É algo que só o Ministério Público do Rio de Janeiro pode responder, mas pode ser por cautela, já que investigar Michelle equivale a investigar o próprio presidente da república, e, sem autorização do Supremo Tribunal Federal, os promotores não têm esse poder.

Bolsonaro gosta de se apresentar ao eleitorado evangélico como se seguisse preceitos cristãos. Um pai como ele não sofreria como Abraão, que, na passagem bíblica em que é desafiado por Deus a sacrificar o próprio filho, externa sofrimento intenso.

Pelo que demostrou hoje, Bolsonaro não vê problema nenhum em sacrificar o próprio filho.


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