Começou a ser velado por volta do meio-dia deste domingo (22) o corpo de Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, morta com um tiro nas costas dentro de uma kombi no Conjunto de Favelas do Alemão. O velório, restrito à família e amigos, acontece em uma capela próxima ao Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte, onde está previsto o enterro às 16h. Ágatha morreu na noite de sexta-feira (21). Ela estava dentro de uma kombi com o avô, quando foi baleada nas costas. Segundo os moradores, PMs atiraram contra uma moto que passava pelo local, e o tiro atingiu a criança. Ela chegou a ser levada para a UPA do Alemão e transferida para hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.
A família aguardou ao longo de todo o sábado a liberação do corpo da menina do Instituto Médico-Legal. Segundo a Polícia Civil, não havia no plantão nenhum funcionário que soubesse mexer no scanner corporal - um equipamento semelhante ao utilizado em aeroportos, que permite ver através da pele e dos órgãos.
"O uso do scanner foi fundamental para verificar a imagem do fragmento do projetil, que foi retirado para balística", informou o IML ao final da noite, quando o exame foi realizado e o corpo, liberado.
Em nota, a Polícia Civil informou que as armas dos PMs serão enviadas para perícia, bem como o projétil extraído do corpo da vítima, para confronto balístico. Além disso, disse que novas testemunhas serão ouvidas a partir de segunda-feira - os familiares da criança já prestaram depoimento do sábado.
No decorrer dessa semana, a Polícia Civil também irá definir uma data para reprodução simulada.
Família diz que não havia confronto
Familiares e testemunhas contestam a versão da PM sobre a morte de Ágatha e afirmam que a menina foi atingida por um tiro disparado por um policial. Em nota, a corporação diz que policiais revidaram após serem atacados por criminosos na comunidade.
Testemunhas que estavam próximas ao local disseram para a família que policiais tentaram atirar em dois homens que passavam de moto pela comunidade quando atingiram a criança.
Mortes em ações policiais aumentaram
Ágatha foi a quinta criança morta em ações policiais no estado esse ano.
Desde o início da gestão, o governador Wilson Wtizel vem defendendo uma política de enfrentamento contra organizações criminosas. Nesta sexta, ele voltou a comentar o assunto.
"O crime organizado não é maior que o estado, e nós não vamos permitir que eles continuem zombando da nossa cara. Serão combatidos, caçados, serão caçados das comunidades. E aqueles que não se entregarem, não tirarem o fuzil do colo, serão abatidos. Porque não merecem viver aqueles que atiram conta o povo e contra a população do estado do Rio de Janeiro.", disse o governador.
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública do estado, a polícia nunca matou tanto quanto agora. Entre janeiro e agosto desse ano foram registrados 1.249 casos. Em agosto, houve uma ligeira queda em relação ao mês anterior, mas a média no ano continua assustadora, com cinco mortes por dia.
Ao mesmo tempo em que aumentaram as mortes por agentes da segurança pública, os homicídios dolosos caíram. De janeiro a agosto de 2019, foram 2.717 homicídios, 21% a menos do que no mesmo período de 2018.
0 Comentários